Então, fechas os olhos. Sabes que quando os abrires a sua ausência fará desse pequeno espaço a teu lado uma cidade deserta. Sabes que irá doer, mas não desistirás. Preparaste-te para este momento. Prepararam-se juntos.
Depois, pousas a mão sobre o muro. No exato lugar onde costumava estar a dela. No sítio onde os teus dedos se entrelaçavam nos seus. E é nesse instante, dois segundos apenas, que percebes como a vida te foi roubada. A mudança passou por ti. Por ela.
Pensas em abrir os olhos. Tal como prometeras fazer. Esforças-te por descolar as palpebras. Mas não és capaz. Por enquanto não ousas dar cor à sensação da tua mão vazia.
Sentes que não serás forte. Não hoje. Nem talvez amanhã. Se quisesses conseguirias. Podias enfrentar a realidade agora mesmo. Mas não é só de força que precisas para ser forte. Bastava algo mais simples. Só precisavas de sentir que, algures onde ela está, também a sua mão busca encontrar a tua.