
Quantas vezes na tua vida pensaste que não serias capaz? Quantas vezes inibiste um sorriso com medo das lágrimas que viriam a seguir?
Deixa-me contar-te um segredo. Também eu já perdi as forças por alguns instantes. Sim, não foste o único a duvidar. Todos o fizeram. Mas enquanto para alguns esse foi o momento da mudança, tu subsistes envolto num casulo de desespero. Estás fraco de mais para desejares libertar-te.
Quantas vezes já deixaste de sonhar com medo de que a realidade te despertasse? Permaneces acordado todas as noites, sem tirar os olhos das estrelas. Fixas o seu brilho como quem espia uma criança para ela não se perder. Não te permites descansar as pálpebras por um mero minuto.
Não preferias usar a luz nocturna para soltar os pensamentos e seres livre? Olha as tuas mãos. Vê como são perfeitas, apesar de todas as linhas que as trespassam e das feridas que acumulam pelo trabalho. Porquê desperdiçá-las aconchegado nesse recanto triste, onde mais não fazem que sentir o frio da tua pele?
As minhas mãos também tremem. Podíamos juntá-las e partilhar o calor que o seu toque produzisse. Não queres? Se te confessar os meus medos, contas-me os teus fracassos?
Se te afastar os pesadelos, prometes adormecer sobre o meu ombro magro?
Não garanto ser capaz de te acompanhar no percurso que te espera, mas posso preparar a mochila a teu lado. E, um dia, quando voltares irei esperar-te ao caminho, para a carregar até ao fim.