sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Ainda, Alice


Hoje pensas ser tudo, amanhã descobres não ser nada - podia ser esta a forma de pensar esta história, mas tenho a certeza que cada um a idealizaria de forma distinta.

Imaginemos...

E se, de um dia para o outro, te esquecesses de quem és? Se não reconhecesses os teus familiares, as pessoas que te viram crescer e aquelas que cresceram por ti? Se não soubesses o teu nome, aquele conjunto de letras que sempre tatuaste no papel?

Como reagirias se desses contigo perdido naqueles lugares onde te habituaste a desenhar a tua sombra, a escassos dez passos de casa? Se tentasses lembrar-te daquela palavra, aquela que, tens a certeza, está na ponta da língua, mas que por uma razão que não aceitas admitir não se atreve a ser soletrada?

Como te sentias se o teu mundo, aquele que sempre te pertenceu, te fosse fugindo das mãos, roubado...por ti mesmo?

Infelizmente não se trata de um retrato de um filme de ficção ciêntifica, nem muito menos Alice, a protagonista, é um caso raro entre milhões. Ainda, Alice é um livro real, uma história viva e impressionante acerca da doença de Alzheimer e da queda pessoal a ela inerente.

É-nos dada a conhecer uma mulher viva, activa, uma guia para os quantos partilham a sua casa e que, dia após dia, se vê confrontada com a perda da sua identidade; uma mulher que em cerca de dois anos não reconhece o seu reflexo no outro lado do espelho.

Mais que uma história, este livro revela-nos uma verdadeira lição de vida, uma oportunidade para pensarmos em tudo aquilo que temos adiado numa esperança da melhor ocasião, aquela ocasião que para Alice já não existe.

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