quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Por um momento


Não te escondas. Sim, tu. Eu sei que estás algures por aí, mesmo que prefiras não ser visto.
O mundo está à tua espera. Aqui. Só tens de deixar que o medo fique lá atrás, nesse lugar onde esvaziaste o olhar de esperança. Deixa que a vida te volte a sorrir e te abrace – primeiro, timidamente e só então com toda a sua força.
Mas para isso não podes esconder-te. Eu prometo estar aqui, sem me mexer, nem fazer perguntas. Ficarei aqui apenas para compreender as tuas palavras, mesmo que mudas, e aquecer a tua pele fria da chuva que caiu.
Só tens de afastar as memórias dessa noite em que os pesadelos te roubaram a segurança. Acredita que és capaz. Também eu o fui, porque serias tu diferente? Os sonhos vão voltar a preencher as tuas noites, mas primeiro, tens de querer voltar a sonhar. Vá, vem… É só mais um pequeno esforço, o último antes de poderes adormecer no meu abraço.
Não prometo fazer o medo desaparecer, mas, juntos, talvez consigamos mantê-lo distante. Confias em mim? Mostra-mo agora. Deixa-me provar que confio em ti.
Chega perto de mim. Só um pouco mais. Só o bastante para que, por um breve momento, sejamos um só. Para que, nesse momento, nada nem ninguém nos mantenha acordados num sono pintado com as cores dos pesadelos.