Hoje duvidei
de mim mesma. Receei errar. Tive medo que o amanhã me atirasse ao chão. Que ninguém
pudesse encontrar-me. Hoje senti as mãos tremerem quando imaginei o futuro. Tive
de recuar alguns passos. Apenas dois ou três, mas os suficientes para voltar a
sentir-me segura.
Lembras-te
de quando nos encontrámos? Tu estavas também hirto, como se algo ou alguém
superior tivesse agarrado os teus movimentos. Como se a tua vida não fosse mais
que um filme comandado à distância. Então, cheguei perto de ti e toquei o teu
ombro. Tu não te mexeste, mas por dentro voltaste a sentir a vida.
Lembro-me
dessa tarde agora. Como se as imagens se repetissem à minha frente. Sei que
tudo o que preciso é abrir os olhos e enfrentar a estrada. Mas por enquanto o
medo mantém-me quieta, até que, onde quer que estejas, me toques o ombro e
caminhes a meu lado.