segunda-feira, 28 de junho de 2010

Horizonte


O que é que vês quando olhas o horizonte?
Quando pousas o olhar sobre a linha que separa o céu da terra, o que é que sentes?
Deixa-me falar-te daquilo que os meus olhos reflectem. Quando olho o horizonte penso no futuro. Imagino os anos que se escondem nas manhãs que estão por acordar. Imagino sorrisos e sonhos que esvoaçam aprisionados em bolas de sabão transparentes.
E tu?
De cada vez que me sento na praia a olhar o horizonte tenho a estranha sensação de que, um dia, estarei lá, do outro lado. Sim, é isso mesmo. Imagino que, no futuro, terei caminhado até à linha inatingível do horizonte e estarei, tal como agora, a observar o lado de cá e os tantos que constroem o futuro.
Vá, conta-me o que vês…
Talvez um dia, quem sabe, possamos tocar juntos o horizonte que hoje olhamos separados. Eu não sei o futuro, deixa que o idealize, que brinque com ele.
No fundo, acho que é isso que vejo quando observo a ponta que me separa do infinito. Consigo ver aquilo que unicamente ganha vida nos meus sonhos. Acho que é por isso que todos se fixam nesse ponto. Lá tudo é possível.
Não achas?

domingo, 20 de junho de 2010

(In)Certezas

[A perfeita certeza da incerteza]

segunda-feira, 14 de junho de 2010

O menino e o cavalo


Desta vez vou tentar não escrever de forma elaborada. Primeiro, porque de complexa já esta história tem muito, e, depois, porque há coisas que não precisam de palavras bonitas para se tornarem maravilhosas.
Este livro conta a história de uma família. Uma família em tudo igual a todas as nossas. Têm uma casa, uma vida, planos para o futuro. Algures no decorrer do seu casamento, nasce Rowan, um menino meigo e alegre que se desenvolve normalmente até completar três anos de idade. É nessa altura, que toda a “normalidade” desta família se transforma num emaranhado de diferença. Rowan é autista.
O período de revolta e vergonha passa, mas permanece a dor. Uma mágoa incontrolável por saberem que o seu filho nunca poderia dar-lhes alegrias tão simples, como simplesmente passear de mãos dadas, ou manter uma conversa coerente.
Mas este livro não conta essa história. Este livro é sobre esperança e sobre a capacidade de seguirmos o nosso instinto, se achamos que ele nos levará ao rumo correcto. Mesmo que aquilo que ele nos diga pareça uma loucura.
Este livro descreve a viagem que esta família fez até à região desconhecida da Mongólia. Uma zona virgem, onde consta terem nascido as primeiras espécies de cavalos. Rowan e os seus pais procuram ali o contacto com os cavalos, mas mais que isso, o contacto com as comunidades de xamãs. Procuram nas suas terapias realizadas à base se rituais naturais, uma forma de diminuir o grau de autismo da criança.
Não vou dizer a forma como a história acaba, mas posso dizer que, apesar de bastante céptica em relação a curandeiros, mudei completa e profundamente a minha visão sobre estes povos. Eu acredito na equitação com fins terapêuticos e este livro só veio fortificar a minha crença. Mas agora, passei a acreditar que há outras formas de terapia. Há coisas que simplesmente não se explicam e esta é uma delas.
Importa acrescentar que esta é uma história verídica. Durante a viagem um câmara acompanhou a família e gravou toda a evolução de Rowan, de forma a produzirem um documentário, caso se registassem mudanças no seu comportamento. Quem não tiver tempo para ler o livro, pelo menos dispense um bocadinho a ver o documentário. Garanto que vai mudar a vossa forma de ver muitas coisas.
Simplesmente uma das leituras mais comoventes que me passou pelos dedos...
[O site só deixa ver 72 minutos de cada vez. Para ver o fim do documentário é preciso esperar cerca de 20 minutos. Mas vale mesmo a pena ver como a história termina.]

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Quanto tempo demora um segundo?


Quanto tempo demora um segundo? Sabes?
Quantos segundos guardam uma inspiração? Daquelas profundas. Podemos contar juntos? Chega perto de mim, então. Aproxima-te o suficiente para que, sem nos tocarmos, consigamos sentir o suspiro um do outro. Quando estiveres pronto, diz-me.
Agora? Então fecha os olhos, tal como eu farei. E, quando a próxima lufada de ar pairar sobre o teu rosto, sorve-a.
Abrimos os olhos. Então, contaste? Quanto tempo demora o ar a percorrer-nos o corpo? O corpo todo, todos os recantos que nem sabemos existirem. Respondes-me com números. Falas-me em dois, ou três segundos, não me recordo perfeitamente. Fico um tanto ou quanto desiludida, não posso negar-te. Afinal, de que forma posso perceber o que isso significa, sem que me expliques quanto dura essa medida de tempo que usas sem questionar?
Mostras-me o teu relógio. Aquele objecto que usas no pulso esquerdo e que, ao aproximar-se do meu ouvido, emite um tic-tac constante. Explicas-me que um segundo corresponde à distância que um dos ponteiros, aquele que parece quase invisível, percorre entre duas marcas nas margens. Fiquei ainda mais confusa, mas não to confessei. Decidi aceitar a forma como vês o tempo. Não que seja perfeita, mas é a tua.
Um dia pode ser que te fale dos meus segundos. Acho que não existe nenhum ponteiro que os marque, nem algarismos que os contem. No fundo, acho que não há forma de definir essa fórmula abstracta com a qual contabilizo o passar do tempo. Ele simplesmente passa. Nunca o vi, nem tenho esse desejo escondido. Mas tento senti-lo um pouco mais fundo nas alturas em que ele parece correr. É por isso que fecho os olhos. Uma tentativa falhada de o fazer passar mais devagar.
Talvez, um dia, fixe o teu relógio por um largo período de tempo, e consiga provar que, nos momentos em que ninguém mais está atento, os ponteiros passam algumas das marcas para chegarem mais depressa. E assim, mesmo que ninguém acredite em mim, terei a prova que há momentos em que o tempo corre.