domingo, 30 de dezembro de 2012

Reticências

O fim.
Como é que sabemos que chegámos ao fim? Qual é o momento certo para terminar algo; para encostar a caneta à folha de papel e desenhar um ponto final?
Um ponto. Já pensaste bem? Como é que um simples ponto pode significar tanto. Como é que algo tão pequeno pode fechar um ciclo que perdurou por muito tempo?
E se me enganar? Se desenhar um ponto no lugar de uma virgula. Estarei a ditar irremediavelmente o fim da história. Sem que te tenhas preparado sequer. Sem que mo tenhas pedido. Chega a ser cruel este meu poder de acabar o que alguém iniciou, não achas? Mas não te preocupes, prometo esperar pelo momento certo. Preciso apenas que me ajudes a encontrá-lo, a esse fim que não sei onde começa.
O que é suposto acontecer para que a história não continue? Não, esta não será a primeira vez que um final nasce nas minhas mãos. Outros houve escritos no meu pensamento, mas nunca antes os tatuei no papel. Talvez seja medo, sim. Receio aprisionar as personagens num fim que não é o delas. Temo desenhar um ponto onde qualquer outro deixaria uma interrogação, ou, pelo menos, o suficiente para algo continuar.
Por isso, desta vez, a única em que tive coragem de pensar no final, decidi não o escrever. Não que seja cedo de mais. Prefiro apenas escrevê-lo de outro modo, para que alguém o encontre e dele possa recomeçar...