sexta-feira, 29 de abril de 2011

I can do it



Pensei que não seria capaz, sabes. Marquei-o na mente com um risco. Dei-lhe o nome de impossivel. Desde a primeira vez que esse pensamento tocou o meu eu, desde que, pela primeira vez, deixei que esvoaçasse pelo labirinto das minhas ideias, como as boboletas experimentam as novas asas, que decidi que não iria conseguir. Afastei-o de mim, a esse pensamento rebelde que tentava conquistar-me. Cheguei a gritar-lhe, acreditas?
Tive medo, sim. O novo é algo que sempre nos intimida. Especialmente quando esse novo não nos foi antes apresentado; quando surge sem que nos dê tempo para o projectar. E, como não sou boa a escrever inícios, obriguei-me a por-lhe um fim. Escrevi-lhe um ponto final antes mesmo de ele começar. Mas hoje acordei e senti que me enganara. Hoje pareceu-me possivel esse sonho que andava perdido no vazio na minha íris. Apaguei o risco que com tanto cuidado tatuara sobre ele. E falei-lhe de mansinho para que voltasse para perto de mim. Sim, houve uma altura em que pensei não ser capaz. Mas não hoje. Agora, a folha já não me surge com um ponto redutor, mas sim com um espaço aberto para uma história nascer.

terça-feira, 19 de abril de 2011

"Send a wish upon a star...

... Send a question in the wind"

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Titanic - 99 anos de memórias


Existem histórias que se tornam intemporais. Sobrevivem ao tempo e à distância. Resistem à névoa das lendas. Permanecem algures, entre a realidade e o sonho.

Há 99 anos, uma história assim começou a ser contada. Bruce Ismay deu-lhe voz. Thomas Andrews, forma. E, mais de 2200 pessoas deram-lhe vida. Foi há 99 anos que as águas do Atlântico Norte saborearam o navegar de um navio inesquecível, o RMS Titanic. A sua história faz parte do imaginário de todos nós. Quer seja pelo mistério, pela beleza, pela tragédia ou pela capacidade que ainda hoje ele tem de nos fazer sonhar, o Titanic mantém-se entre nós. Mesmo depois de quase um século, a história deste navio continua a fascinar a mente daqueles que ousam mergulhar no impossível, em busca dos sonhos.

14 de Abril marca o dia em que o destino foi mais forte que os desejos de milhares de pessoas. Foi neste dia, há 99 anos atrás, que o Titanic terminou a sua viagem, arrastando para o fundo do mar muito mais que um casco e objectos valiosos. Com ele, submergiram 1500 vidas esperançosas de uma destino melhor, e um emaranhado de mistérios que ficarão eternamente por desvendar.

Mas há outra forma de lembrar este dia. Hoje, 14 de Abril, é dia de relembrar as suas memórias. É dia se pegar na caneta e continuar a escrever a história deste navio. Porque agora que o Titanic não pode ser de ninguém, é altura de fazer dele um bocadinho de todos nós.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

DIz-me onde te dói

Diz-me onde te dói. Diz-me qual é o músculo que te massacra, ou a ferida que faz a tua pele arder. Pousa a mão sobre a tua dor. Para que possa também eu chegar lá. Para que possa procurar um remédio que te alivie. Não fiques em silêncio. Eu sei que, algures, uma dor te trespassa o corpo. Podemos partilhá-la. Sim, se me contares onde ela está, talvez possamos parti-la ao meio. Rasgá-la sem piedade para que, a ti, não doa tanto. Aponta-me o lugar onde esse algo, que não sabes explicar, se partiu. Eu sei que encontraremos uma forma de voltar a colar os bocadinhos que se espalharam. Por favor, não contenhas o grito que te causa. Não finjas que não te dói. Eu sei que sim. Mesmo que não possas mostrar-me o sítio exacto onde te magoaste, eu sei que ela existe. Há feridas que a nossa íris não consegue reflectir. Mas tens de me dizer onde se escondeu essa dor que reprimes fechando longamente as pálpebras. Diz-me onde te dói, para que possa trazer o curativo e, assim, levá-la para longe – a essa dor que pousou sobre o teu peito.