domingo, 25 de julho de 2010

You don't need strength to be strong


Hoje vi-te do outro lado do caminho. Caminhavas sozinho, arrastavas os passos pela areia que estava espalhada pela estrada. Arrastavas o mundo contigo, tentando equilibrá-lo sobre os teus ombros magros.
Sei que não me viste. Ias demasiado ocupado em não desviar-te da recta imaginária que os teus olhos traçavam. Mas eu sim. Eu vi-te como se descobrisse uma outra alma no corpo que há tanto conhecia. Tinhas o mesmo andar compassado; aquele ligeiro agitar de ombros; aquele jeito de te pores quase em bicos de pé enquanto descolavas o calcanhar do chão.
Nisso tudo eras tu. Mas o teu rosto parecia envolto numa máscara. Parecias caminhar despido, sem o teu mistério. Porque é que te esqueceste de como levantar o rosto?
Fiquei a ver-te durante largos momentos. O tempo suficiente para ter a certeza de que eras tu, mas não o bastante para perceber o teu coração. Até que a inclinação do caminho te escondeu.
Sei que pensas que não terias força para sequer voltar o rosto, mesmo que te tocasse as costas. Mas tem-la. Trazes em ti uma força que não sonhas existir. Guarda-la confiante de que nunca terás de a procurar. Mas repara: caminhas há horas, independente de toda a vida que te contorna. Não sentes força para erguer o pescoço, mas és forte o suficiente para suportar essa dor causada pela fuga.
E eu sei que esse caminhar te deixa exausto. Sei que essa solidão te faz brilhar os olhos quanto te encontras sozinho e perdido. Não ignores os que te olham. Não jures que a vida te moldou os traços. Por mais que procures encontrar-te por essa estrada desconhecida, lembra-te de que só te sentirás seguro quando a tua pele tocar algo familiar.
Sim, às vezes, para seguir em frente também é preciso olhar para trás...

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Depois De Tu Partires



O que é que nos resta quando, depois de perdermos aquilo que nos mantém vivos, descobrimos que nunca o nosso corpo deveria ter respirado?

Como podemos coordenar os passos pela estrada se esquecemos como se caminha ou desconhecemos quem nos ensinou?

Alice é uma jovem escocesa que se mudou para Londres assim que a idade o permitiu. Uma infância rebelde e uma família que raramente se esforçou por dizer a verdade fizeram dela uma pessoa independente e racional de mais para depender de algúem. Até que John, um jovem jornalista, surge na sua vida e a torna, por fim, completa. Envolvem-se numa relação estranha mas profundamente apaixonada. Em pouco tempo tudo nas suas vidas se interliga de uma forma intensa e irremediavelmente inesquecivel e insubstituivel.

Depois de tu partires é uma história sobre laços: aqueles que se perdem e os que se criam tarde de mais. Contada pela voz do subconsciente de Alice, que paira entre a vida e a morte, revela-nos flashs da sua infância, momentos que nos ajudam a compreender a desistência - ou não - de Alice pela vida.

Este é um livro que nos emerge na vida da personagem, remetendo-nos para as suas dúvidas e medos, num discurso profundamente tocante sobre a dor da perda, o vazio e a forma como os erros do passado podem intrometer-se no presente, mudando bruscamente o destino dos acontecimentos.

Uma viagem perturbadora pelo estado de coma de Alice e sua busca por abrir os olhos.

"Ainda não consigo acreditar que partiste. Antes de isto acontecer, costumava acordar e interrogar-me durante uma fracção de segundo por que motivo tinha este peso, este desgosto a comprimir-me o peito e por que motivo a minha almofada estava molhada. Costumava esquecer-me disso, porque achava que seria simplesmente absurdo estar sem ti. Aburdo."

sexta-feira, 9 de julho de 2010

...

[Traz sempre contigo um abraço. Nunca se sabe quando vais precisar dele.]