sexta-feira, 26 de março de 2010

Hold on

Friendship isn't how you forget, but how you forgive.
Not how you listen, but how you understand.
Not how you see, but how you feel.
Not how you let go, but how you hold on!

sexta-feira, 19 de março de 2010

Shiu...




Senti o vento fazer-me festas no pescoço. Todos já o sentimos. Alguma vez na vida, nem que por um momento. Todos já fechámos os olhos e desejámos que aquele vento que nos assobia ao ouvido tivesse força para nos levar com ele. A força que não temos dentro de nós.
Encostei-me ao de leve sobre o seu ombro. Falei-lhe, com a voz do pensamento, sobre as tempestades de medos que me impediam de abrir os olhos, e o ver. E ele passou por mim lentamente. Primeiro tocou-me as costas, percorrendo o meu corpo num arrepio. Soprando ao sabor dos segundos, beijou-me o pescoço com os lábios suaves. Depois, soltou o meu cabelo no ar, para que se misturasse com ele e saboreasse a liberdade,
Envolveu-me no seu colo, abraçou-me e depois partiu. Levava com ele o perfume da terra e o paladar dos sonhos.
Senti-o como se pela primeira vez. E, quando se desfez no ar, soltou-se dos meus olhos uma lágrima.
Para todos os outros era o reflexo do vento frio contra a minha íris. Mas o que ela chorava era a despedida da sua última oportunidade de descobrir, também, aquilo a que sabe ser livre.

domingo, 7 de março de 2010

Efemeridade




Efémero
Há algum tempo que pensava nesta palavra. Sabia aquilo que significava, sabia o motivo pelo qual a descobrira. Ensinaste-me a olhar o mundo assim, mostraste-me que a eternidade é longa de mais para ser planeada, abstracta de mais para ser real.
Aprendi, com o tempo, que aquele eternamente que as minhas palavras escreviam, folhas atrás, não é um tesouro, mas uma caixa antiga, coberta de pó, que os meus braços não devem segurar por mais tempo. A eternidade pesa de mais para a levar comigo nesta viagem. É grande de mais. Esconde-me o caminho. Obriga-me a parar para a pousar e recuperar o fôlego.
Sim, deixei-a lá atrás. Mesmo antes daquela curva onde me falaste da beleza daquilo que é efémero, onde descobri que esta nova caixinha é bem mais leve e fácil de guardar no bolso.
Abri hoje um pequeno dicionário e procurei pelo seu significado. Queria saber, ao certo, aquilo que protegia agora a minha visão do futuro, mas percebi que o que conta não é aquilo que os outros escreveram sobre ela. O que interessa, isso sim, é o que eu posso delinear nesta folha a seu respeito. E tinhas razão. Por mais doce que seja a eternidade, sabe melhor caminhar e perscrutar o passar do tempo.
É mais simples agora, quando aquela flor que colhi murcha. É mais simples quando a noite chega e o sol desaparece. Os meus olhos já não se avermelham, estão preparados para esse ciclo.
E, eu sei que, apesar desta efemeridade, há um ciclo que se repete. A flor que encontrarei amanhã não será a mesma que me havias oferecido, mas será igualmente perfumada e crescerá da terra. E, mesmo quando o teu vulto tiver ficado numa qualquer outra curva do caminho, longe de mais para ser avistado do lugar onde estou, eu sei que estará perto o que baste para me ajudar a colher as novas flores que surgirem pela estrada.
Passei a acreditar na eternidade daquilo que é efémero. Se não, repara: o nosso abraço prolongou-se por breves segundos, mas permanece intemporal na minha lembrança…