Existem pessoas que não esquecemos. Momentos que guardamos
eternamente. Histórias que permanecem intemporais. A que vos vou contar é uma
dessas. Um pedaço do passado que se perdeu no tempo. Uma quase lenda que teima
em ressurgir e fazer-se lembrar.
O seu nome é Titanic.
Sei que nem todos os que lerem estas palavras sentirão o
mesmo que eu ao escrevê-las. É impossível traduzir nelas o misto de entusiasmo
e melancolia que, para mim, o calendário hoje assinala. Sim, hoje mesmo, há 100
anos atrás terminava em tragédia uma das histórias mais promissoras de um final
feliz.
Foi no dia 14 de Abril de 1912 que o Titanic chocou contra
um iceberg, condenando pessoas, bens e um imenso oceano de sonhos. Sonhos dos
que esperavam uma nova vida na América. Sonhos dos que viam concretizado o
maior projeto de uma vida. Sonhos dos que viajavam a bordo do maior e mais belo
navio construído até à época.
E hoje mesmo, passado um século sobre aquela noite, o
Titanic continua a ser símbolo disso mesmo: o sonho.
Construído em Belfast a cargo de Thomas Andrews, o RMS
Titanic foi batizado com um nome digno de um “palácio flutuante”. Gémeo do RMS
Olympic e do RMS Britanic, era o navio mais luxuoso e moderno a cruzar o oceano
no início do século XX.
Na viagem inaugural estavam a bordo algumas das pessoas mais
ricas, e também as mais pobres. Em comum, no entanto, tinham algo: ambos viam
naquela travessia o marco de uma vida. A partir daquela viagem nada voltaria a
ser como dantes.
O naufrágio do Titanic marcou o fim de uma época,
infelizmente a custo de uma enorme perda. Naquele oceano gelado morreram mais
de 1500 pessoas. A salvo ficaram dezenas de crianças órfãs. Famílias destroçadas.
Mas nem tudo foi negativo. Na memória fica a lembrança de um navio que trazia
esperança. A mesma esperança que restou aos quantos sobreviveram. E tal como
disse poucos anos antes de morrer uma dessas sobreviventes. O Titanic era um
navio lindíssimo. E é assim que ele deve ser recordado.