sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O que não nos pertence...


...é aquilo que nos torna completos.

domingo, 19 de setembro de 2010

Como salvar um coração partido


Lay me Down e Susan Richards nunca se tinham visto, mas, sem saberem, partilhavam um passado semelhante. A primeira, uma égua doente, vivera acostumada a maus tratos por parte dos que diariamente apostavam o seu galope em corridas. A segunda, uma mulher independente, que há muito se afastara de relações afectuosas, fechava-se numa personalidade solitária na qual os cavalos eram o seu único refúgio e segurança.

"Eu não sabia que dizer, como explicar o tamanho da minha dor. Parecia-me uma coisa demasiado particular, algo que só poderia contar ao meu irmão, uma pessoa que passara pelo mesmo que eu. Não sabia se mais alguém conseguiria compreender o que eu sentia. A minha vergonha não era racional, mas existia (...)" P. 177-178

Susan – a autora e, ao mesmo tempo, protagonista – fala-nos na primeira pessoa com um discurso simples mas marcado por uma grande carga emocional. À medida que vão sendo desvendados pormenores sobre a sua infância, Lay me Down surge como uma analogia da protagonista. O medo de perder aquela companheira transforma-se numa igual vontade de agarrar a vida de que há tanto se esquecera.

"Lay me Down dera-me o sentido de família (...) Tinhamo-nos uma à outra na minha herdade e conseguiriamos, pela primeira vez, libertar-nos dos nossos medos." P.178

A dependência do álcool é um elemento central na vida de Susan: primeiro representado pelo seu pai; depois pelos avós; e, mais tarde, pelo seu marido. E quando achava que o pesadelo a tinha finalmente abandonado, o passado volta, mergulhando-a a si também num ciclo vicioso que acabaria numa reunião dos Alcoólicos Anónimos.
Com Lay me Down esta mulher fria, que nunca ultrapassara a morte precoce da sua mãe com leucemia, descobre que o seu oração ainda é capaz de amar. Mais que isso, aquela égua doente ensina-lhe que é possível recuperar a confiança nas outras pessoas.
Um testemunho tocante sobre os laços que unem humanos e animais e sobre a forma como estes podem afastar traumas que nenhuma outra pessoa imagina escondermos dentro de nós.

"Mais tarde não me conseguia lembrar da reunião (...) mas a verdadeira surpresa foi que deixei de beber. Não por causa dos AA, mas porque, depois de uma noite sem beber, queria ver se conseguia duas, depois três e assim por diante. Era um jogo, como aprender a suster a respiração debaixo de água (...) Subitamente somos capazes de fazer uma piscina inteira sem respirar e pensamos que é espantoso até quebrarmos o nosso próprio recorde ao fazermos duas. (...) No entanto, só me pareceu um jogo nas primeiras semanas. O vazio da minha vida, criado pela falta de bebida, era maior do que tudo o que eu experimentara." P. 76

sábado, 11 de setembro de 2010

Quando chegares, saberás


“Quando chegares, saberás”. Fora o que ela lhe dissera. Faltara só explicar como teria essa certeza. Como saberia que aquele era o lugar, aquela a altura certa.
Ela mostrara-lhe como nunca perder o rumo, como recuperar o calor quando o frio se tornasse rachante e como refrescar a pele quando o calor lhe apertasse o corpo.
Lembrava-se de todas essas palavras, de todos os conselhos que havia acrescentado à sua mochila que, no entanto, permanecera leve. Ela não contivera nenhum sentimento: não escondera a tristeza por vê-lo partir, nem a necessidade de sabê-lo bem sucedido. Planeara consigo todos os pormenores. Juntos haviam traçado a rota que agora os seus pés cumpriam. Tinham projectado aquele caminho como se ambos o fossem desbravar, inventando as melhores formas de vencer os obstáculos e marcando no mapa os locais onde seria melhor descansar.
Ela fora – e, estranhamente continuava a ser – a sua companheira. Desde o início.
Mas, agora, quando sentia um sorriso nascer nos seus lábios por tudo o que corria bem, ou quando o desespero o atormentava ao sentir-se perdido, ela não estava presente. O caminho que, na sua presença, parecera simples tornava-se dissimulado. E, quando se esforçava por recordar as palavras que ela deixara para esses momentos, tinha a sensação de não restar nenhuma. Talvez porque ela pensara realmente partir com ele. Ou, talvez, porque ele tinha mantido a esperança de que ela viria.
Ajeitou a mochila e olhou o céu. Estava azul, exageradamente para aquela altura do ano. Soprava um vento forte que o ajudava a manter-se em andamento, empurrando as suas costas.
Naquela solidão, rodeado unicamente por aquele ambiente desconhecido, era fácil questionar o que o mantinha na estrada. Mas aquelas palavras voltavam sempre nessas alturas. Ressuscitavam de cada vez que o simples caminhar não era razão suficiente. E então, ele respirava profundamente e continuava, porque algo dentro de si lhe dizia que ainda não tinha chegado – e ela, onde quer que estivesse, sabia-o também.

sábado, 4 de setembro de 2010

Desculpa, mas vou chamar-te amor


Niki e Alex vivem duas vidas que nunca ambicionaram cruzar-se. Entre eles existem amigos diferentes, ideias opostas, sonhos construídos sobre dois quotidianos que em pouco se tocam.
Em comum, têm um sentimento que, mesmo sendo ambiguo, une os seus corações - Niki e Alex amam-se.
A separá-los estão vinte anos.
Niki é uma estudante de 17 anos. Passeia pelas ruas de Itália aparentando jovialidade, rebeldia e beleza. Quando, num acidente, a sua mota choca com o carro de Alessandro, um director criativo de publicidade de quase 37 anos, nada fazia prever que, em poucos dias, partilharia o seu quarto.

Não há uma forma racional para explicar o envolvimento das duas personagens. A história desenrola-se a um ritmo acelerado mas que, ao mesmo tempo, se desenvolve sem espaço para hesitações.
Niki vai ajudar Alex no seu grande projecto publicitário, tornando-se a sua rapariga dos jasmins, e Alex dará a esta jovem a estabilidade necessária para que ela se transforme numa mulher adulta.

Um estilo de escrita em que predomina a imagem, - ou não fosse Federico Moccia, o autor, um conceituado realizador italiano - e onde a vida urbana é elemento central.
Este não é um livro sobre relações perfeitas e sentimentos arrebatadores. Pelo contrário, demonstra de forma simples que não são os anos de diferença que separam as pessoas, mas sim as mentalidades.