sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O mesmo?

Tenho a vaga sensação de já ter ouvido isto antes, de ter lido as mesmas palavras e sentido as mesmas emoções.
Mas, apesar de sentir que não é novo, isto é algo que não te posso explicar, ou fazer compreender. Talvez porque nem eu perceba o verdadeiro significado.
Tenho a sensação de já ter tropeçado nesta pedra, contido o choro pela dor da queda. Mas não me lembro quando ou como a superei. Só sei que me sinto a percorrer a mesma estrada, a escassos metros da mesma armadilha e sem capacidade para me afastar dela.
Talvez vá ser sempre assim. Talvez existam vidas esculpidas para se concretizarem desta forma; vidas em que o tempo parou, e o fim não foi escrito. Eu sei que posso escrevê-lo eu mesma. Só tenho de encontrar a caneta e uma folha branca. Mas e se já não restar nenhuma? E se me tiver esquecido de como escrever?
Podes procurar-me? Se te indicar o caminho, podes fazer com que a tua estrada se cruze acidentalmente com a minha?
Eu sei que é tão mais fácil fingir que esta sensação não tem importância. Fingir que não ouço a consciência a travar-me os passos. Mas, tenho ideia de nunca ter preferido o simples ao desafio. Não será agora.
Só preciso de descobrir onde está aquela armadilha que me travará a viagem. Tudo voltará ao normal quando a puder ver. Mas até lá, o medo atrasa-me os passos, e o silêncio grita-me no pensamento.

1 comentário:

Samuel F. Pimenta disse...

O medo, quando lhe damos poder, tem a capacidade de nos destronar dos mais honrados pedestais. Belo belo belo texto, Ana! BELO!

Tudo de bom,

Samuel Pimenta.