quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Por um momento


Não te escondas. Sim, tu. Eu sei que estás algures por aí, mesmo que prefiras não ser visto.
O mundo está à tua espera. Aqui. Só tens de deixar que o medo fique lá atrás, nesse lugar onde esvaziaste o olhar de esperança. Deixa que a vida te volte a sorrir e te abrace – primeiro, timidamente e só então com toda a sua força.
Mas para isso não podes esconder-te. Eu prometo estar aqui, sem me mexer, nem fazer perguntas. Ficarei aqui apenas para compreender as tuas palavras, mesmo que mudas, e aquecer a tua pele fria da chuva que caiu.
Só tens de afastar as memórias dessa noite em que os pesadelos te roubaram a segurança. Acredita que és capaz. Também eu o fui, porque serias tu diferente? Os sonhos vão voltar a preencher as tuas noites, mas primeiro, tens de querer voltar a sonhar. Vá, vem… É só mais um pequeno esforço, o último antes de poderes adormecer no meu abraço.
Não prometo fazer o medo desaparecer, mas, juntos, talvez consigamos mantê-lo distante. Confias em mim? Mostra-mo agora. Deixa-me provar que confio em ti.
Chega perto de mim. Só um pouco mais. Só o bastante para que, por um breve momento, sejamos um só. Para que, nesse momento, nada nem ninguém nos mantenha acordados num sono pintado com as cores dos pesadelos.

2 comentários:

Samuel F. Pimenta disse...

Palavras verdadeiramente tocantes, palavras verdadeiramente sentidas, palavras que, inacreditavelmente, nos fazem sentir na pele, no corpo, no peito, os segredos que nelas estão encerrados.
Bravo, Ana!

Tudo de bom e um feliz Natal,

Samuel Pimenta.

Mário Monteiro disse...

não deixo de dizer que tens sempre bom gosto nas músicas que colocas como fundo! parabéns.