quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Perdoa-me...


Quantas vezes já a ouviste? Quantas vezes já te tentaram roubar o coração e pintar-te cristais na íris do teu olhar com essa palavra?
Não te recordas… Descansa, não é grave. Encontrei muitos mais como tu.
Mas diz-me, quantas vezes a disseste? Quantas vezes a deixaste deslizar-te pela língua, mesmo em frente daquele que sentia culpa?
Não sabes… Desta vez, não posso sossegar-te.
Querias um perdão, esperas consegui-lo sem que o tivesses consentido, sem que tivesses cosido com a linha fina do arrependimento os rasgos das tuas falhas.
Deixa-me sussurrar-te algo ao ouvido: isso não é correcto. Sim, não te julgues perfeito, intocável. Também erraste, também fizeste outros chorar, além dos sorrisos que ensinaste; também provocaste feridas para lá daquelas que ajudaste a curar; também faltou em ti aquela palavra meiga e doce, aquela que a tua memória não encontra aí dentro.
Não, ninguém mo confessou, ninguém te caricaturou como um monstro cruel…sossega. Mas eu sei. Eu sei que falhaste. Sei-o, porque simplesmente seria impossível seres perfeito – como o somos, todos – sem imperfeições; porque se nunca tivesses errado não existiriam cicatrizes da vida em ti e, sim, serias invisível, vazio.
Levanta o olhar. Olha para mim, para o mundo que, como vês, é imperfeito mas nos permite olhar um para o outro. E não penses que nunca mais vais falhar. Pensa antes em como tapar as armadilhas que espalhas sem querer.
Pensa em como dizer essa palavra. Podes não ser capaz agora, compreendo. Mas, quem esperou por te ouvir, saberá reconhecer a demora.
E, acredita em mim, eles saberão…Perdoar.

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