sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O Fabuloso Destino de Amélie Poulain


"Estranho o destino dessa jovem mulher, privada dela mesma, porém tão sensivel ao charme das coisas simples da vida"


Porque há alturas na vida em que temos de fazer escolhas, alturas em que alguém nos sussurra ao ouvido a verdade que, desde sempre, mantivemos afastada do coração. Porque há alturas em que, por mais satisfação que nos tragam os sonhos, seria tão melhor sentir a realidade encostada à pele, e a presença física de um outro alguém, ao invés da sua imagem desfocada na nossa mente.
Porque a felicidade dos outros já não é o que basta, porque o nosso coração ameaça transforma-se num esqueleto frágil que se despedaçará no próximo instante de solidão.
É tudo isto e mais um mundo repleto de inseguranças provocadas por uma infância diferente, uma infância em busca de um companheiro que a compreendesse, um amigo que entrasse na sua vida isolada, que fazem de Amélie Poulain uma personagem tão intensa e capaz de reflectir os nossos mais preciosos segredos, ansiedades, dúvidas e, também, as pequenas alegrias; aquelas pequenas sensações que perduram no tempo e nos tornam naquilo que somos realmente – Amélie gosta de fazer ricochetes na água com pequenas pedras que encontra pela rua…
No decorrer deste filme de Jean-Pierre Jeunet, somos confrontados com um conjunto de personagens que nos tocam pela sua autenticidade e capacidade de nos revelar sempre um pouco de nós mesmos. Em Amélie tudo é ingenuidade. A sua vida muda no dia em que ajuda um velho homem a reencontrar-se com a sua infância, perdida numa pequena caixinha de lata. Contagiada pela súbita felicidade no rosto daquele homem, Amélie encontra uma forma de preencher o vazio que a solidão da sua vida comporta. Dedica-se a partir de então a trazer um pouco mais de magia à vida daqueles que conhece, deixando o seu destino para segundo plano.
Mas Amélie não está sozinha. Do outro lado da janela, observa-a um velho homem que procura captar a essência perdida de uma das personagens dos seus quadros. É ele quem confrontará Amélie com a realidade e a fará compreender que o mundo não olha por si, mesmo que ela se dedique a ele.
Mas até que ponto esse mundo soube esperar por ela, até que ponto ainda existe espaço para o seu perfil nessa tela que há tanto tempo espera por si?...

4 comentários:

Anónimo disse...

Olá Rita,
Gostei muito do teu texto :)
Não conhecia esta história mas, as tuas reflexões são muito inspiradoras. É evidente o cuidado que tiveste a escrever...
Afinal o que estudas? É melhor (penso) enviares mail para mim...tens o meu contacto. Em vez de expôres a tua vida aqui.
Um abraço e até breve,
Rui (da conferência Antena 1)

Ricardo Pinto disse...

Sempre haverá lugar para quem faz o bem. Parece cliché, mas é verdade. A Amélie é uma personagem de ficção mas representa o lado bondoso da humanidade. Excelente filme, excelente texto, excelente música.

PS: Cuidado com a repetição da palavra personagem

Sofia Natálio disse...

Sinceramente não me lembro bem do filme. Mas sei que quando o vi, gostei mesmo muito. Hei-de voltar a vê-lo. Fizeste-me ter vontade disso ;)
Para além disto, gosto muito desta acriz, faz sempre um bom trabalho.
Conheces o filme "Um Longo Domingo de Noivado"?

Ana Rita Correia disse...

Não, não conheço, Sofia... Eu não tenho uma grande cultura conematográfica, sabes..
Fala sobre quê? :)