domingo, 6 de dezembro de 2009

A solidão dos números primos





Existem vidas ausentes de passado…E existem passados que tornam a vida ausente de Presente.

Alice e Mattia sobrevivem assim, fechados num momento insubstituível das suas infâncias, presos a um trauma que a idade não consegue superar.
O segredo que as suas palavras não sabem revelar acompanhá-los-á em todo o seu crescimento, refugiando-os em duas personalidades tristes que, apesar de distintas, quase se tocam no que diz respeito à forma como se desenham – a solidão.
Alice sofre com o medo da rejeição pelos colegas, a dificuldade de aceitação num mundo que se quer perfeito e ao qual sente não pertencer. Fruto disso será a bulimia que a acompanhará toda a vida, a ponto de assombrar o seu casamento.
Mattia vive acordado num pesadelo real, culpado do desaparecimento da sua irmã. Nas suas mãos, preenchidas pelos sucessivos cortes que lhe aliviam a dor psicológica, recaem os olhos ameaçadores dos quantos o olham com reprovação.
Vivem anónimos, fechado em si mesmos, como dois números primos perdidos numa sequência que os não deixa sobressair. Olham-se mutuamente, partilham os seus medos em silêncio – o suficiente para se compreenderem; o insuficiente para se tocarem em conforto.

Irão partilhar sonhos, idealizar um futuro sem remorsos, mas vão descobrir que há uma coisa que os sonhos não podem fazer – apagar o passado.

1 comentário:

Ricardo disse...

Vai ser o próximo livro que vou ler segundo parece. De qualquer da forma está muito boa a descrição.