As letras que desenhavam as frases deixaram de contar histórias. Por agora, apenas me surgem como símbolos sem significado. As palavras, essas, perderam a sua moral. Nada mais me confidenciam. Não prometem, como dantes, ajudar-me a falar.
Chegam a ser egoístas, estas palavras que se esgotam de conteúdo em certos momentos. Precisamente naqueles em que desejava tê-las para me exprimir. Para deslindar aquilo que o coração não sabe dizer de outra forma.
Aqui estou. Sentada há horas. À espera que a ponta da caneta se levante da mesa e caminhe sobre o papel. Espero-a como aquele mendigo que todos os dias se senta nas escadas do metro. Cego. Sem poder imaginar quem traz na mão a moeda que lhe dará de comer.
Por agora sou como ele. Procuro as palavras que se perderam. E sem elas não sei falar.
1 comentário:
e no entanto ela flui... =)
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