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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

What do I know?




Eu sei. Sei que nem tudo será assim. Sei que as folhas deste livro estão por folhear, que são impossíveis de ler, por enquanto.
Eu sei. Sei que nem sempre o ar custará a inspirar, que por momentos ele percorrerá as nossas veias sem esforço e que o sufoco parecerá ter desaparecido.
Sim, eu sei que noutras alturas, outras folhas deste livro parecerão ainda mais sumidas, que a história se mostrará sem sentido. Eu sei…
Sei que um dia a criança que hoje brincava no comboio será uma mulher; sei que essa mulher nunca se recordará do meu sorriso ao vê-la hoje desfrutar da inocência da vida. Mas, por outro lado, eu ficarei com essa flash eternamente, a sua ingenuidade marcou o meu olhar ferido pela crueldade da verdade…a falta de inocência.
Eu sei que será sempre assim. Sei que as lágrimas nunca valerão realmente a pena e o desespero não trará conforto. Sei que os sorrisos marcarão um instante volátil, que serão causa de saudade no futuro.
Sei disso, e tanto mais…Mas mesmo assim, mesmo tendo consciência de que muito daquilo que passa por mim nesta longa caminhada ficará para trás, que muitas das pessoas que reflectiram o meu olhar não se lembrarão dele nos momentos de nostalgia, eu sei que ainda não chegou o momento de descansar à beira da estrada. Sei que devo andar um pouco mais.
Sabes porquê? Porque tenho a vaga sensação de que lá à frente, nesse destino que por agora o nevoeiro me impede de vislumbrar, o que era certo hoje será o desconhecido, e aquilo que julgava impossível tornar-se-á realidade.
Não perguntes o que me leva… A única coisa que te posso segredar é que… eu sei.

sábado, 17 de outubro de 2009

Keane, para lá da música

“When you forget your name … Meet me in the morning when you wake “

Podia ser este o conselho de um velho amigo, as palavras de conforto que esperaríamos ouvir no fim do dia, precisamente daquele dia em que desejávamos desaparecer da mira daqueles que, juraríamos, nos olhavam em cada esquina e tentavam amedrontar-nos.

“Cause everyboy’s changing and I dont’t feel the same”

É o pensamento que saltava na nossa mente e que mais ninguém parecia partilhar. E é nesse momento que abrimos os olhos e percebemos que o conselho estava perdido na melodia de uma música, uma música que, temos a certeza, foi escrita para partilhar aquele momento da nossa vida connosco.
Há músicas que têm esse poder e, Tom Chaplin, vocalista da banda britânica Keane, dá voz a muitas delas. Com um reportório e estilo muito próprio e inconfundível, este grupo presenteia-nos com canções que nos chegam como páginas de um diário musical. Ouvir Keane leva-nos numa viagem pela nossa mente, trazendo à memória as nossas dúvidas, desejos e os medos que, através das letras profundas e intimistas, nos surgem mais claros.
Mais do que fazer-nos reflectir, as suas canções parecem surgir como um sopro de ar, quase como que uma oportunidade para pairar sobre a nossa consciência.
Acompanhado de forma subtil por Tim Rice-Oxley, compositor e pianista, e Richard Hughes na bateria, Tom Chaplin dá a voz – por sinal, uma das mais talentosas do panorama musical – a uma das bandas mais aplaudidas em todo o mundo.
Mais do que estar perante música de qualidade, ouvir Keane leva-nos a estar connosco mesmos, com o íntimo que poucas bandas conseguem tocar de forma semelhante.
Na verdade, caracterizam-se por uma estranha ambiguidade de sentidos: um género leve e ligeiro, pela melodia maioritariamente calma e instrumentos de teclas, mas igualmente profunda e forte, no que respeita ao conteúdo emocional que contemplam; da mesma forma, adquirem um tom reflectivo e, por alguns intitulado, de depressivo devido às letras extremamente realistas e assentes nas ansiedades da consciência humana, e, ao mesmo tempo, de esperança, uma mensagem de esperança sempre implícita quer nas palavras quer nas melodias entusiastas.

“Oh, crystal ball, crystal ball, Save us all, tell me life is beautiful”

Certa é a impossibilidade de ficar indiferente. Existirá sempre uma música de Keane, nem que apenas uma, que nos faça sentir sermos a origem o destino das suas palavras.
E se é verdade que a música tem o poder de nos transformar, a destes britânicos, que iniciaram este projecto há pouco mais de oito anos, reflectem-no na sua totalidade. “What I am isn’t what I was”, cantam em Try again e é a autêntica realidade daqueles que se deixam absorver pelas músicas da banda.
Mas mais que falar sobre eles, é preciso ouvi-los e simplesmente não pensar em nada, deixar que seja a música a pensar por nós, porque no fundo
- “What do I know? I know”