terça-feira, 14 de julho de 2009

Abraça-me

Aproxima-te. Não fiques tão distante, tão longe do alcance da minha mão.
Chega mais perto. Acosta-te ao meu coração. Só um pouco mais profundamente. Só para que te possa sentir mais dentro.
Dá mais um passo. Só mais um. Só então estaremos juntos o suficiente. Só então deixarei que o meu braço se estenda em frente do teu e te toque a pele arrepiada.
Ergue o rosto. Deixa que te leve esses sonhos cruéis. Deixa que a luz toque os teus olhos tão adormecidos no negro triste da noite. Deixa que os meus toquem os teus num sussurro que mais ninguém possa ouvir.
Toca a minha pele. Agarra a minha mão e aperta-a forte contra ti. Agarra-a com força, só um pouco mais. O que sentes? Protecção? Ofereço-ta sem preço. Ofereço-ta para que amanhã me a possas emprestar naquele momento difícil que sei que virá.
Agora estende o braço. Num último esforço, um último suspiro de alívio, numa busca de vida fora de ti. Pousa-a delicadamente sobre o meu ombro e chega-te mais perto.
Encosta o teu corpo ao meu e envolve-me nos teus braços quentes. Pergunta-me o que sinto…O medo desapareceu.
Sussurra-me algo ao ouvido. Palavras das quais não vá lembrar-me mais tarde, daquelas que durem só um momento mas que afastem os pesadelos.
Aperta o meu peito contra o teu e encosta o teu rosto sobre o meu ombro. Solta os teus medos e leva os meus. Podemos ficar assim eternamente. Neste abraço que mais ninguém compreenderá.
Fecha os olhos. Encosta as duas pálpebras adormecidas. Recorda o último abraço, a quentura que trouxe ao coração. É lá que sempre as inseguranças ficarão guardadas. O fundo da tua alma que partilhas de cada vez que este laço é apertado.

3 comentários:

Ricardo Pinto disse...

Sublime**

João Manhoso disse...

Muito profundo e poetico...

Mário Monteiro disse...

simplesmente divino